quinta-feira, 20 de maio de 2010

EM FESTA DE BAMBA, O TEATRO VIRA SAMBA

EM FESTA DE BAMBA, O TEATRO VIRA SAMBA

A Escola de Samba General Telles pede passagem ao público para apresentar seu espetáculo: uma viagem mágica e emocionante ao mundo maravilhoso do teatro. Com o enredo “Em festa de bamba o teatro vira samba”, a entidade traz para a avenida personagens e personalidades que marcaram sua importância na arte da representação, começando nas festas dionisíacas – ou festa da vindima, celebração que deu origem tanto ao teatro quanto ao carnaval - e terminando num grande ato no palco do Theatro Sete de Abril.

Sob a luz desse palco

Vou representar

Bravo! - A festa vai rolar

Com o calor do teu aplauso

Sou mais feliz

Encena Telles, que teu povo pede bis!

PRÓLOGO

Estamos em fevereiro. Sentindo os efeitos de um forte mormaço, chega à cidade um inusitado grupo de saltimbancos, com fartas e coloridas vestes e uma pesada carroça. Ao chegarem à nossa Princesa do Sul, dirigem-se à Praça Coronel Pedro Osório, palco ao ar livre para inúmeras manifestações artísticas. Mas a cidade está vazia e silenciosa, exceto pelo som de melodiosos tambores. Intrigados, os saltimbancos se dirigem ao Theatro Sete de Abril, onde são informados de que, além da famosa vocação teatral, a cidade possui outra grande paixão, o carnaval, e que o som dos tambores que tanto os instigou era produzido pela bateria da mais amada escola de samba da cidade, a General Telles.

A troupe então se dirige à quadra da vermelho e branco, onde são recebidos com festa. Em entusiasmada conversa, cujo foco foi a estreita relação entre teatro e carnaval, falaram sobre as origens, a universalização e sobre o teatro no Brasil. Nossa escola então lhes conta sobre a tradição teatral pelotense e, ao tomar conhecimento do nosso patrimônio cultural e da importância de preservar esses bens tão valiosos, os saltimbancos decidem, com a ajuda da General Telles, apresentar ao público um pouco dessa história. Ao abrir seu mágico carroção, fazem surgir figurinos, fatos e personagens para brincar de ser o outro, carnavalizando o teatro, teatralizando o carnaval. É assim que a vermelho e branco hoje se veste de cores, e encena na avenida mais um grandioso espetáculo.

PRIMEIRO ATO – A ORIGEM DO TEATRO

O Carnaval na Antiga Grécia estava associado aos cultos ao Deus Dionísio. Era um deus bastardo para os pagãos, e, segundo conta a lenda, deambulara por muito tempo pela Ásia Menor até que, pelas mãos do sacerdote Melampo, introduziu-se nas terras gregas. Tornou-se um sucesso. Conforme as plantações de parreiras se espalhavam pelas ilhas da Grécia e pela região da Arcádia, mais gente o celebrava. Em todas as festas no campo ele estava cada vez mais presente. Por essa altura, já entronado como deus das vindimas, representavam-no como uma figura humana, só que de chifres, barbas e pés de bode, com um olhar invariavelmente embriagado.

Consta que as primeiras seguidoras do deus Dionísio, há uns 3 ou 3,5 mil anos atrás, foram mulheres que viram nos dias que lhe eram dedicados um momento para escaparem da vigilância dos maridos, dos pais e dos irmãos, para poderem cair na folia. Nos dias permitidos, elas, chamadas de coribantes – ou bacantes - , saíam aos bandos, com o rosto coberto de pó e com vestes transformadas ou rasgadas, cantando e gritando pelas montanhas gregas. Os homens, transfigurados em sátiros, não demoraram em aderir às procissões de mulheres e ao "frenesi dionisíaco". A festança que se estendia por três dias, encerrava-se com uma bebedeira coletiva no meio de um «vale-tudo» pansexualista.

Foi então que no século VI a.C., Pisístrato, o tirano de Atenas, oficializou as homenagens a Dionísio, sendo nesta altura que se instaura o Carnaval Pagão. Pisístrato construiu um templo na Acrópole: o teatro Dionísio, que está lá até hoje. Organizou em seguida concursos de peças cômicas ou dramáticas para celebrá-lo no palco; esse festival era chamado de Dionosíaca, que consistia em três grandes festivais em homenagem a Dionísio – Deus Grego das festas, do vinho, do lazer e do prazer e da alegria. Nesses festivais haviam competições dramáticas, cujo primeiro vencedor foi Téspis. Um amante da arte de imitar; primeiro ator e também primeiro produtor teatral do ocidente, Téspis passou por todas as funções existentes em um Coro, até criar a figura do Corifeu, que dirigirá ao mesmo tempo em que estará contracenando com os demais atores do Coro. De todo modo a principal atividade de Téspis era percorrer as cidades, levado por uma carroça que é ao mesmo tempo sua casa, seu meio de transporte e seu palco. Desta maneira ele chega a Atenas, no Festival da Primavera, 534 aC., trazendo pendurada em sua carroça uma representação de Dionísio, e para todos profere um discurso na primeira pessoa. Diante de cidadãos embriagados pelo vinho - mas ainda sedentos de novidades - comprimidos na praça do velho mercado de Atenas, afirma:

"Eu sou Dionísio, Deus da alegria!"

Assim nasce o teatro, já com todas as suas características dadas, carnavalizando real, realizando o carnaval.

SEGUNDO ATO – O DELÍRIO DO POETA E A UNIVERSALIZAÇÃO DO TEATRO

Durante a Idade Média, os autos religiosos constituíam a única forma de expressão teatral. Como forma de crítica, surge a figura do bufão – ou bobo da corte -, que divertia o rei, declamava poesias, dançava, tocava algum instrumento e era o cerimoniário das festas. Inteligente, atrevido e sagaz, dizia o que o povo gostaria de dizer ao rei e zombava da corte. Com ironia, mostrava as duas faces da realidade e, de forma geral, era um indivíduo de grotesca figura, corcunda ou anão.

Na Itália, surgem as companhias de commedia dell’arte, grupos itinerantes que possuíam uma estrutura de esquema familiar. Seguiam apenas um roteiro, mas possuindo total liberdade de criação; os personagens eram fixos, sendo que muitos atores viviam exclusivamente esses papéis até a sua morte. É à commedia dell’arte que devemos a criação de memoráveis personagens que encantam gerações como pierrot, colombina e arlequim, que tornaram-se também figuras típicas do carnaval. Esta forma de comédia se consagrou como uma expressão artística importante, na medida em que acabou por instrumentalizar a sociedade tanto para a leitura como para a transformação social. Desta forma pouco a pouco o teatro passa a ser reconhecido como um trabalho de arte literária. E viaja, se expande por todas as áreas do mundo, marcando épocas, representando histórias.

Quando se fala em expansão do teatro, não se pode esquecer também que a tradição teatral não se restringe ao ocidente. Existem no Oriente maravilhosos exemplares da arte teatral, como o teatro Nôh e o Kabuki do Japão, que são encenados da mesma forma há mais de mil anos, e tem a natureza como tema principal de suas peças, que também contam histórias do folclore de seu povo. As roupas são muito bonitas e ricas, e a maquiagem dos atores é extremamente cuidadosa.

Na China, o teatro e o canto estão sempre juntos. Tanto que uma das formas mais conhecidas desse teatro é a ópera de Pequim, onde os atores também usam maquiagens especiais, como os japoneses. A Ópera de Pequim é uma forma de teatro chinês tradicional que combina música, performance vocal, mímica, dança e acrobacia. Ela surgiu nos anos fins do século XVIII e tornou-se plenamente desenvolvido e reconhecido em meados do século XIX.

Na Índia, o teatro Kathakali é a mais rica forma de representação teatral, um estilo de dança teatral muito popular, embora raro. Ela acontece após a época das monções, em celebrações religiosas de agradecimento. Dentre as representações encenadas, a mais importante é o “Ramayana”, que conta a história do Príncipe Rama, cuja esposa Sita é abduzida pelo demônio Rãkshasa, rei de Lanka.

Voltando ao ocidente, o que se observa é uma evolução da arte teatral, pois das carroças paradas nas ruas de qualquer cidade, as representações começam a ganhar os palcos, universalizam-se, e magníficas obras de inesquecíveis autores ligam as mais diferentes áreas do mundo. Assim surgiram os grandes dramaturgos como Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière, dramaturgo francês, que além de ator e encenador, é considerado um dos mestres da comédia satírica. Teve um papel de destaque na dramaturgia francesa, até então muito dependente da temática da mitologia grega, Molière usou suas obras para criticar os costumes da época. É considerado o fundador indireto da Commédie-Française. Como encenador, ficou também conhecido pelo seu rigor e meticulosidade. E, na Inglaterra, já eclodira a genialidade de William Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês, tido como o maior escritor do idioma e o mais influente dramaturgo do mundo. Muitos de seus textos e temas, especialmente os do teatro, permaneceram vivos até aos nossos dias, sendo revisitados com freqüência pelo teatro, televisão, cinema e literatura. Entre suas obras mais conhecidas estão Romeu e Julieta, que se tornou a história de amor por excelência, Sonho de Uma Noite de Verão, comédia com base no universo fantástico, e Hamlet, que possui uma das frases mais conhecidas da língua inglesa: To be or not to be: that's the question (Ser ou não ser, eis a questão).

Shakespeare produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e histórias, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na língua inglesa. Nesta sua última fase, escreveu tragicomédias, também conhecidas como romances, e colaborou com outros dramaturgos.

Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, que nos deixou como herança obras de inigualável qualidade e foi o responsável por elevar a arte cênica à perfeição. A sensibilidade artística do "Bardo" captou com maestria, as paixões mais turbulentas e os sentimentos mais puros; a mais rica alegria e o mais penoso desespero. Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia, e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo. Em "Sonho de uma noite verão", ilustrou a fantasia e o sonho. vida espiritual, que buscava sempre a essência das coisas. Depois de Shakespeare, o teatro nunca mais seria o mesmo.

TERCEIRO ATO – O SONHO DA CRIANÇA: OS BONECOS E O TEATRO INFANTIL

O Teatro de Bonecos, arte milenar do que encanta adultos e crianças é uma das mais remotas maneiras de diversão entre a humanidade. Para situá-lo no tempo e no espaço, dois fatores surgem: sua origem e sua importância na sociedade como agente na descoberta do mundo, por meio da arte. É uma síntese de um contexto histórico, cultural, social, político, econômico, religioso e educativo. No palco toma vida própria através das mãos do manipulador, conta histórias e transforma a vida numa magia que muitas vezes nos faz sair da realidade pelo seu grande poder de sugestão. Toda a sua expressão se concentra no movimento, completado pelo som, e ambos incendeiam a imaginação, em especial das crianças.

O Teatro tradicional infantil, executado por atores “de carne e osso”, também faz sucesso entre as crianças. A mais famosa escritora de peças infantis é a brasileira Maria Clara Machado, que nos brindou com personagens inesquecíveis como Pluft, O Fantasminha e A Bruxinha Que era Boa.

Povoam ainda o imaginário das crianças as figuras dos Clowns, seres de um mundo lúdico, fantasioso, palhaços que com sua graça e ingenuidade, conquistam e encantam os pequenos.

QUARTO ATO – O TEATRO NO BRASIL

Em terras brasileiras, o teatro dava os primeiros passos como veículo de propagação da fé religiosa. Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre José de Anchieta, que escreveu alguns autos (antiga composição teatral) que visavam à catequização dos indígenas, bem como a integração entre portugueses, índios e espanhóis. As encenações eram realizadas com grande carga dramática e se valiam de efeitos cênicos para maior efetividade da ligação de religiosidade que essas representações procuravam inculcar nas mentes aborígenes.

Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos XVII e XVIII, o país esteve envolvido com seu processo de colonização (enquanto colônia de Portugal) e em batalhas de defesa do território colonial. Deste período, mais particularmente o Sec. XVIII, vale destacar os cortejos de Xica Da Silva nas ruas de Diamantina. Xica, negra escrava que foi alforriada , casou-se com o ouvidor do Rei, Sr. João Fernandes, responsável pela extração de diamantes na região, tornando-se dona de grande fortuna e poder. Xica, suas mucamas e seus escravos vestiam-se com trajes da corte e saiam pelas ruas numa representação teatral carnavalesca satirizando a sociedade da época.

Entretanto, a chegada da corte em 1808 trouxe fôlego para o teatro, pois criou as condições para que se pudesse destacar o talento de inúmeros artistas. Teatros foram construídos, impulsionados pelo novo império, e grandes espetáculos eram trazidos da Europa, visando fortalecer o teatro nacional.

De Portugal, surge o teatro de revista, que, como o nosso teatro musicado, deriva da opereta francesa. Um enredo frágil serve como elo entre os quadros que, independentes, marcam a estrutura fragmentária do gênero. Seu ingrediente mais poderoso é a paródia, recurso do teatro popular que consiste em satirizar um aspecto, fato, personagem, discurso ou atitude proveniente da cultura erudita ou, em outras palavras, da classe dominante. A direção investe na ênfase à fantasia, por meio do luxo, de grandes coreografias, cenários e figurinos suntuosos. A maquinaria, a luz e os efeitos equivalem ao intérprete em importância. Na forma das vedetes, a figura feminina ganha grande destaque, e nomes como Virgínia Lane, Araci Côrtes, Dercy Gonçalves e Mara Rúbia fazem o espectador adentrar no mundo de glamour e critica social do teatro de revista.

Mesmo o grande talento e o amor ao fazer teatral dos artistas brasileiros não impediu que o teatro fosse vitima de perseguição durante a década de 1960. Era a ditadura militar, os anos de chumbo, onde as manifestações populares - entre elas o carnaval e o teatro - deveriam estar sob censura. Foi neste momento que a essência satírica, burlesca, transgressora, instrumentalizadora da sociedade mais esteve à mostra. Estas características se expressavam principalmente no chamado “teatro de grupo”, nos quais companhias extremamente engajadas vincariam a história do teatro no país. Muitos desses grupos seriam dizimados pelo Ato Institucional conhecido como AI – 5, que deflagrou o terror de Estado e exterminou aquilo que fora o mais importante ensaio de socialização da cultura jamais havido no país.

Passado os anos de chumbo, o teatro sobreviveu no sentido emocional, e novas e grandiosas peças foram lançadas sem o teor da violência nos palcos. Aos poucos as montagens nacionais trouxeram de volta o espectador às cadeiras das casas de espetáculo, e dessa forma os artistas foram se superando e o glamour do teatro começou a ser resgatado passo a passo.

QUINTO ATO – TEATRO PELOTENSE: NOSSA HISTÓRIA, NOSSO PATRIMÔNIO, NOSSOS ARTISTAS

Entusiasmada com os relatos que ouvira, a Telles orgulhosa diz ser em Pelotas o local onde carnaval e teatro encontraram a conjugação mais adequada. Em nossa cidade, desde os primeiros momentos o teatro se fez presente.

Ainda no tempo de vilarejo, um grupo de cidadãos fundou uma Sociedade Cênica, que se reunia em um galpão onde construíram um palco para ensaios e apresentações. Essa Sociedade ganhou um terreno privilegiado no plano do centro urbano para construir seu próprio teatro. Prédio simples, o Theatro Sete de Abril foi inaugurado em 1834, e em 1916 passou por uma reforma que acrescentou a linha art déco que hoje o caracteriza.

O Sete de Abril foi a primeira casa de espetáculos a abrir suas portas às artes cênicas na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e a quarta no Brasil. É hoje o teatro mais antigo do país em funcionamento, tombado como patrimônio cultural imaterial do Brasil.

No fim do século 19, Pelotas vivia um ciclo de prosperidade, graças à indústria do charque, que permitiu a criação de teatros luxuosos, freqüentados por uma platéia educada, que via espetáculos europeus, falava francês e criava suas próprias companhias de teatro. O cotidiano da cidade de Pelotas no final do século XIX mantinha um efervescente ambiente cultural voltado à ópera, à literatura e ao teatro, veículo utilizado também pelos clubes sociais da cidade como forma de levantar fundos, destacando-se nessa atividade o Clube Diamantinos.

O município sempre contou com grandes artistas, como Simões Lopes Neto, e seu maravilhoso mundo imaginário. Simões iniciou seu trabalho como autor de teatro musicado em 1892, utilizando sempre o pseudônimo de Serafim Bemol. A comédia-opereta “Os Bacharéis” foi a segunda criação teatral de uma série de três primeiras obras escritas em parceria com seu cunhado, o ator e comerciante português José Gomes Mendes. A sa­ber: O Boato (1893), Os Bacharéis (1894) e Mixórdia (1895-96). Outra obra de extraordinário sucesso, representada até hoje, é a comédia musical “A Viúva Pitorra”.

Fruto da semeadura cultural, surge, em 1914, o Corpo Cênico da União Pelotense. O cenário já não era o mesmo. A abolição da escravatura e o advento dos frigoríficos, entre outros fatores, haviam encerrado o ciclo de riqueza. Quem podia imaginar que, 95 anos depois, essa companhia ainda estaria viva? Pois o grupo, que em 15 de novembro de 1946 recebeu seu nome definitivo de Teatro Escola de Pelotas (TEP) segue na ativa até hoje, com uma trajetória rica em espetáculos e formação de atores. No ano de 2008, recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial dos pelotenses.

Por isso podemos dizer ser Pelotas a "Atenas do Sul". E daqui podemos dizer ser o lugar onde a relação entre teatro e carnaval encontram sua melhor interpretação.

EPÍLOGO

Estamos em Pelotas, do teatro mais antigo do Brasil, o Sete de Abril; Estamos em Pelotas, de Simões Lopes Neto e Francisco Lobo da Costa. Estamos em Pelotas, do Centenário Teatro Escola; Pelotas do Tholl vivo, representante da tradição saltimbanco.

Estamos em Pelotas onde a sátira, a irreverência, a burla, três dias a cada ano, transbordam os palcos desaguando nas ruas, se mostrando ao ar livre, gritando tal qual Téspis nos bosques da Arcádia: "Eu sou Dionísio, Deus da alegria"!

Estamos em Pelotas, da General Telles onde o "carne vale" se expressa - da mesma forma como era feito nos cultos em louvação a Dionísio - na transgressão, na liberação do corpo, na busca do prazer, na inversão de papéis, nas cores e na alegria, na emoção e no toque do seu tambor. Mas que se expressa principalmente no estímulo para que a realidade seja virada de cabeça para baixo.

Estamos em Pelotas onde a Vermelho e Branco mostra que a razão do teatro ser ainda protagonista de sua história é, acima de tudo, o fato de vidas terem sido dedicadas a esta arte. Para a Telles, reverenciar e eternizar este talento é um ato de respeito.

As próximas cenas deste espetáculo serão narradas pelo tempo. E dele, tudo se pode esperar.

* SINOPSE DO TEMA DE ENREDO - CARNAVAL 2010 QUANDO A GENERAL TELLES SAGROU-SE CAMPEÃ DO CARNAVAL

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